Então que me deixem envelhecer.
Com ironia, quero que me vejam envergar.
Sem pudor, a cada ruga uma história mal contada
Sem moral e com a pele flácida.
Com todo cigarro fumado estampado nos dentes
Com toda bebida ingerida zombando do fígado
Me deixem deteriorar
Porque a Nelida disse que "Só envelhece quem vive"
Então para não morrer jovem
Me deixem madurar
sexta-feira, maio 28, 2004
quinta-feira, maio 27, 2004
A sina de Josefine
terça-feira, maio 11, 2004
Olhar sobre a distância
Quando eu cheguei todos olhavam ansiosos por algo que os fizesse lembrar da pessoa que havia há dez anos atrás feito o caminho inverso ao que hoje me trazia aqui.
Talvez por defesa todos me olhavam sem dizer uma palavra, eu disse oi á minha irmã, rompendo o silêncio, ela me respondeu parecendo ignorar a distância que nos separou esses dez anos, me respondeu com um abraço, se afastando em seguida para que outros derramassem lágrimas de saudades ou dissessem o quanto eu havia engordado ou emagrecido.
Chegando em casa tudo me pareceu muito etéreo e por um segundo eu me dei conta do que havia perdido com a minha partida, as coisas mudaram, sem meu conhecimento ou aprovação.
As coisas se deterioraram, coisas que eu julgava eternas acabaram, inclusive as pessoas.
Um grande esforço seria necessário para adaptar meus olhos aquela nova realidade, que cuidadosamente eu projetava na minha cabeça para nunca esquecer os detalhes que me prendiam, intencionalmente, a este lugar.
Todo o tempo que estive fora me deparava dia-a-dia com novas visões e não me assustava com o fato de acordar em lugares que nunca havia estado antes, mas isso, sim, era vazio me deparar com aquela realidade que uma vez foi tão familiar e aconchegante toda deturpada, era algo que eu não contava e esse tipo de inesperado sempre me pegava desprevinida.
As mudanças não paravam por aí, me atormentava ainda o fato de constatar que aquilo tudo era
um simples reflexo da mudança das pessoas.
Eu que vivi conhecendo desconhecidos tinha agora o desafio de conhecer velhos conhecidos.
Apesar da recepção sem delongas de minha irmã tudo mais que eu julgava familiar nela se perdeu. Se tratava também de um outra pessoa, outra irmã,pensativa, me matava percebê-la vagando no meio de diálogos, ela se ausentava, assim , bem na minha frente, me olhava sem me enxergar.
Crescida de uma infância igual a de toda criança para aquela mulher contemplativa, que causava estranheza nas crianças e nos idosos, às vezes era até engraçado a falta de tato que ela tinha com esses dois grupos, várias foram as perguntas que ela deixava sem resposta ou as piadas sem risadas, que minha irmã julgava não ter obrigação nenhuma de fazê-las.
Os aromas, o calor tudo me deixava cada vez mais desesperançosa. Os amigos, que uma vez foram os mais confiantes, belos e divertidos, dizendo quão imbecis tinham sido e o quanto hoje eles pagavam por isso, arruinados em suas vidas medíocres.
A falta de cordialidade daqueles que somente de vista eu conheci mas mesmo eles estavam também em minha memória. As novidades pareciam não ter mais fim.
Ah! como eu sinto por mim, que deixei me iludir pela capacidade de arquivo da minha memória, seria possível que tudo tivesse mudado tanto, ou seria eu, que me iludi com minha romântica saudade, fantasiando essas pessoas da forma em que melhor me acolhiam.
Ah! como eu sinto , se soubesse que perderia minha casa e meus amigos com esse retorno manteria todos eternos na distância
Talvez por defesa todos me olhavam sem dizer uma palavra, eu disse oi á minha irmã, rompendo o silêncio, ela me respondeu parecendo ignorar a distância que nos separou esses dez anos, me respondeu com um abraço, se afastando em seguida para que outros derramassem lágrimas de saudades ou dissessem o quanto eu havia engordado ou emagrecido.
Chegando em casa tudo me pareceu muito etéreo e por um segundo eu me dei conta do que havia perdido com a minha partida, as coisas mudaram, sem meu conhecimento ou aprovação.
As coisas se deterioraram, coisas que eu julgava eternas acabaram, inclusive as pessoas.
Um grande esforço seria necessário para adaptar meus olhos aquela nova realidade, que cuidadosamente eu projetava na minha cabeça para nunca esquecer os detalhes que me prendiam, intencionalmente, a este lugar.
Todo o tempo que estive fora me deparava dia-a-dia com novas visões e não me assustava com o fato de acordar em lugares que nunca havia estado antes, mas isso, sim, era vazio me deparar com aquela realidade que uma vez foi tão familiar e aconchegante toda deturpada, era algo que eu não contava e esse tipo de inesperado sempre me pegava desprevinida.
As mudanças não paravam por aí, me atormentava ainda o fato de constatar que aquilo tudo era
um simples reflexo da mudança das pessoas.
Eu que vivi conhecendo desconhecidos tinha agora o desafio de conhecer velhos conhecidos.
Apesar da recepção sem delongas de minha irmã tudo mais que eu julgava familiar nela se perdeu. Se tratava também de um outra pessoa, outra irmã,pensativa, me matava percebê-la vagando no meio de diálogos, ela se ausentava, assim , bem na minha frente, me olhava sem me enxergar.
Crescida de uma infância igual a de toda criança para aquela mulher contemplativa, que causava estranheza nas crianças e nos idosos, às vezes era até engraçado a falta de tato que ela tinha com esses dois grupos, várias foram as perguntas que ela deixava sem resposta ou as piadas sem risadas, que minha irmã julgava não ter obrigação nenhuma de fazê-las.
Os aromas, o calor tudo me deixava cada vez mais desesperançosa. Os amigos, que uma vez foram os mais confiantes, belos e divertidos, dizendo quão imbecis tinham sido e o quanto hoje eles pagavam por isso, arruinados em suas vidas medíocres.
A falta de cordialidade daqueles que somente de vista eu conheci mas mesmo eles estavam também em minha memória. As novidades pareciam não ter mais fim.
Ah! como eu sinto por mim, que deixei me iludir pela capacidade de arquivo da minha memória, seria possível que tudo tivesse mudado tanto, ou seria eu, que me iludi com minha romântica saudade, fantasiando essas pessoas da forma em que melhor me acolhiam.
Ah! como eu sinto , se soubesse que perderia minha casa e meus amigos com esse retorno manteria todos eternos na distância
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