Aquilo tudo que eu dizia para ele parecia desviar de seus ouvidos
Eu falava, gritava, balbuciava e nada, ele me ignorava veêmente. Olhava para mim, no fundo dos meus olhos e não dizia nada. Eu me calei. E então ele disse:
- Você tem um cigarro aí?
A voz grave saiu alto. Eu dei um pulo, já estava acostumada com o silêncio, ele ainda me olhava esperando a resposta. Eu abri a bolsa e dei o cigarro.
Ele acendeu e começou a falar sobre como era bom fumar um cigarro em situações como aquela, me ofereceu um trago e disse que quando estava na china não haviam cigarros tão bons como aqui. Eu nem sabia que antes ele havia estado na China.
E ele continuava falando... Muitos dedos amarelam por causa do cigarro mas não os meus... Sente a sensação! Se você puxar devagar você se sentirá mais leve...sabe que o meu cigarro preferido é o Free! Ele quase não deixa odor, apesar de que o cheiro que fica no seu cabelo e tão agradável, dever ser por causa da mistura com o shampoo que você usa... e mais devaneios sobre a porra do cigarro.
Enquanto ele falava em pensava seriamente em parar de fumar. E sobre como eu tinha o péssimo hábito de me envolver com sujeitos estranhos, mas que de todos esse era o pior.
A princípio me parecia o mais normal. Dedo podre esse meu.
Analisando o meu histórico de namorados...
Vamos pelo primeiro, João, quinze anos,garoto desprovido de beleza, mas extremamente carismático,cuidadoso, atencioso. Me ligava de meia em meia hora para saber se eu ainda o amava ou se estava me sentindo bem... Era um rapaz muito preocupado, e sofria de todos os males possíveis, coitado morreu cedo,com dezoito anos.
Tadeu, o segundo, lindo de morrer e sabia disso, se olhava no espelho, fazia biquinho piscava e mandava beijos pra ele mesmo, certa vez, na hora H, eu pego o cara passando a mão na própria bunda, como se já não bastasse o cara gozar mordendo a minha cabeça.
E por último, Felipe, filho da Dona Firmina, muito bacana, mas não tocava meu seios por nada, em hipótese alguma, dizia ele que aquilo era um ato maternal e não sexual, que os seios proviam o alimento e que não deviam ser maculados, e por fim ele me soltou o fatídico argumento. Me vira o sujeito e diz que os meus seios faziam ele se lembrar da mãe, a Dona Firmina.
Deus que desespero! Isso deprime de verdade.
E por fim me vêm esse louco, Matheus, que não parou de falar sobre cigarros até agora!
A única conclusão que eu tiro de toda essa minha catastrófica trajetória é que realmente eu não deveria mais me relacionar com homens cujos nomes sejam de apóstolos.
Eles são todos uns insanos.