Alice estava preparando o almoço mas só o feijão estava no fogo.
Quando Raul ligou Alice sabia, antes de atender o telefone, que era ele por isso atendeu com alegria.
Raul ficou mais sem graça ainda, mas tinha prometido a quem quer que seja que diria hoje a Alice que não mais a amava.
Alice desligou o telefone e ficou se perguntando o que levaria Raul a fazer aquilo na hora do almoço.
Ela acreditava acima de tudo em símbolos, Alice acreditava que a interpretação dos símbolos feita de forma adequada poderia resolver a maioria dos problemas, desde que estes fossem práticos.
Raul procurou Alice uma vez mais na hora do almoço, desta vez para acertar a “papelada” da separação. Mais uma vez só o feijão estava no fogo e Alice estava com suas vestes de cozinheira que ela tanto gostava por causa da praticidade do modelo.
Alice não fez nenhuma objeção aos pedidos do marido, futuro ex, e no final pediu que ele viesse jantar com ela afim de encerrar a relação amigavelmente. Raul aceitou, ele já estava bastante surpreso com a reação pacífica de Alice, na verdade ele esperava se sentir bastante culpado mas ela se manteve tão agradável e tranqüila que acabou eximindo toda a culpa dele.
Alice sempre dizia que: “Não há nada que uma boa pimenta, carne e ingredientes de cor amarela não façam por um homem, cores botam fogo nas entranhas. A eficácia do prato envolve deste o sabor até o aroma espalhado pela casa. “
Quando Raul chegou ele parecia tontear, tentava identificar o cheiro no ar, ele sabia que alí havia algo de familiar, um cheiro que antes não despertava atenção mas que agora o apetecia vorazmente, uma coisa muito louca um cheiro por vezes profano, por vezes divino.
Ele foi até a cozinha curioso e perguntou para Alice o que ela estava cozinhando.
Na verdade a comida tinha acabado de ficar pronta e já estava na mesa assim como Alice que sentada, sorria com os olhos, ciente da eficácia do seu preparado.
4 comentários:
Ei Miroca.
Li o que vc tinha sugerido dos bingos e não lembro se comentei. Achei bacana mas prefiro seu gênero literário do que seu gênero jornalístico.
Simpática essa Alice, calma e equilibrada como todos devíamos ser, e ainda me parece interessada em semiótica, por sua predileção por símbolos.
Tenho passado pouco por aqui... por falta de tempo. terminei a monografia mas voltei a trabalhar.
Vamos tirar do papel as promessas de 'vamos nos encontrar' ou 'estamos precisando tomar uma cerveja' e vamos mesmo nos encontrar pra tomar uma cerveja, ou não?
No papel é bom também mas só que já tô com saudade.
Bjo procê.
thiago
Ah, não... Pegá homi pela barriga não vale, não...
O conto é muito bom. É legal o modo como ela prepara tranquilamente sua armadilha, como quem tem certeza de que é impossível escapar...
Isso não vale...
Coruja
hahahaha!!!!
Ah Coruja "não vem de garfo que hoje é dia de sopa!"
Eu acho essa prática bem plausível inclusive um dia eu chego lá, Lele que me aguarde!!!
...gostei! Fiquei com fome. Tacos? Luiz Augusto.
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