Avaliava as circunstâncias, será que valia a pena se expor, evitava desgastes.
Ele parecia valer mesmo a pena, tão bonito, falava pouco, reservado, o que lhe atribuía um charme angustiante. Algumas garotas se aproximam dele, ele sorri para elas e olha de lado para Belinha, que quase morre, a moça fica paralisada, com cara de boba segurando para não rir e engasgar, abaixa a cabeça esperando que ao voltar ele já esteja olhando para o outro lado, é incapaz de manter o olhar dele com o seu, apesar de querer muito.
Belinha pensa como seria bom ter um pouco mais de ousadia, bebi um demorado gole, e ri da esperança de ficar embriagada com aquele drink de morango. Pedi uma Gin tônica.
Bebe tudo, mesmo tendo a impressão de estar virando um vidro de perfume barato. O rapaz a olha intrigado, com uma expressão de surpresa. Belinha sorri desconcertada e oferece o copo, ele já não a olhava mais. Belinha murcha. Toda essa movimentação a deixa exaurida, com vergonha de si, a moça pedi a conta. Evita olhar para o rapaz, que se aproxima sem que ela pudesse ver, sorrindo ele se apresenta: - Oi, meu nome é Roberto. Eu estava alí te olhando, queria te dar meu telefone, quem sabe a gente poderia se encontrar um dia desses e conversar um pouco.
Belinha ri com os lábios cerrados, olha para aquela figura linda, mãos lindas, dentes lindos, movimentos lindos, harmônicos, diferente dela, que parece poder desabar a qualquer minuto, pensa no quanto aquilo tudo deveria fazer um bem enorme as pessoas, mas não a ela, ela só conseguia pensar que ele, no mínimo, deveria ser famoso por gostar de garotas estranhas, sem sal e freaks, não, essas coisas não aconteciam com ela. Belinha sabia que tudo que ela conseguiria despertar em pessoas como Roberto era aversão ou no máximo culpa, ele não tinha se dado ao trabalho nem de perguntar seu nome, então Belinha se desculpa e recusa a boa vontade e o telefone do rapaz. Ri mais uma vez de si mesma, encontrando uma resposta para a situação toda, o rapaz deve ser um desses estudantes de psicologia em estudo de campo, e vai embora achando graça, tentando se convercer de sua explicação.
Um comentário:
Oi, oi,
Gostei do conto, Miroka.
O título é muito bom. Com essa frase chamativa, não tem jeito de não ler o texto. Nesses tempos onde estamos sempre sem tempo, a mil por hora, é sempre bom usar um título que atraia o leitor, não acha?
O texto começa no tempo passado e depois passa para o presente. Isso é atípico, essa troca de tempos. Ainda mais manter a maioria da narrativa no presente. Mas a senhorita faz isso de modo perfeitamente natural. Bom trabalho.
Talvez fosse interessante revisar a divisão em parágrafos. É impressionante o que uma boa divisão faz por um texto. Fica muito mais fácil de ler. Isso resulta sempre em uma experiência mais agradável para o leitor.
Há uns errinhos de tempo verbal. Realmente é difícil escrever no presente, a gente não está acostumado a fazer isso. Quando eu escrevi aquele meu roteiro lá, eu penei nisso também.
Com relação á história, ela é muito legal. Como se fosse um verdadeiro fragmento da realidade, em que nós nunca temos certeza do que está acontecendo.
Gostei muito disso,
Coruja
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