terça-feira, outubro 05, 2004

O Beco -


Ana vivia numa pequena vila onde todos se conheciam mais do que gostariam. Onde uma vez por ano acontecia algum escândalo e alguém se mudava às pressas. Feliz daqueles que se mudavam.

Ana andava pelas ruas arrastando os sapatos nas pedras lisas e gostava disso. Ela percorria seu caminho de ida sem se distrair com vitrines mas voltava olhando uma por uma. Parava no café, comia um bom pedaço de torta de chocolate e bebia uma xícara de chocolate quente. Depois da sua orgia alimentar diária ela seguia seu caminho de retorno para a casa.

O único momento de desgosto para Ana durante o dia era quando ela tinha que passar pelo beco que levava à sua casa. Mas não tinha outro caminho.

O beco era extenso e apertado, tinha apenas uma janela e uma porta de um estabelecimento mau freqüentado, diziam que alí se praticava de tudo: desde sexo sujo até magia envolvendo sacrifícios de animais. Dava medo e fedia.
Mas ninguém assumia essa possibilidade. Só corria mesmo à boca miúda.

Ana continuava seu caminho, bem na metade do beco, onde já não se via as luzes da entrada nem as da saída, bem no meio, longe também da porta e da janela, Ana vê um estranho. pára por um segundo mas continua ao perceber o olhar de deboche do estranho diante do seu desmascarado medo.

Passando pelo estranho que era um sujeito realmente estranho com a pele de um tom de branco quase transparente, olhos amarelos , grandes olheiras roxas, machucados que pareciam que nunca mais iriam sarar nos cantos da boca, e corpo de uma magreza cadavérica. Bem... passando pelo estranho ela escuta ele dizer: - O som dos seus passos sempre estão a me guiar. Puxa! quando você vai aprender?

Ela se sentiu tonta de medo como se aquelas palavras fossem na verdade ameaças de uma morte dolorosa e familiar.

Ele continuava dizendo... - Vou para sua casa sei que você não me dirá não. Apesar de ser o mais certo. A cada vez me dedica um sentimento forte o bastante para me levar para casa não é mesmo?

É engraçado que até o medo seja um motivo para tal. Criança acorde! eu preciso ir dormir...mas vamos que por hora eu terei que me contentar em apenas deitar-me. Vamos!

Ela tremia e não conseguia dizer uma só palavra. Ele parecia minar suas energias.
O tempo passou e o estranho permanecia na casa de Ana. Nada era como antes, a cidade estava suja e Ana também.


Certa vez ela decidiu tentar pedir que ele fosse embora de sua casa mas ela olhava pra ele e só conseguia chorar. Então Ana apelou para medidas mais radicais, decidiu cavar um buraco num velho campinho que não era usado mais, colheu alguns cogumelos venenosos e preparou-lhe um chá com cogumelos e baunilha. Em seguida serviu ao estranho, que bebia olhando com indignação para ela, enquanto desfalecia o estranho repetia: - Criança como pode repetir insistentemente a mesma ação. Não lhe dói as mãos?

Ela só assistia o assassinato ser consumado sem ser desperdiçado uma gota sequer da bebida fatal.

O estranho tombou e aparentemente tudo voltava ao normal o ar já estava mais leve. Ana completou o trabalho, enterrou o cadáver e voltou para casa se certificando de que realmente não havia maneira menos drástica que aquela.

Ana passou novamente pelo beco, com a intenção de zombar da situação, só não esperava ver alí, exatamente no mesmo lugar, o mesmo estranho agora um pouco mais enfurecido. Ele olhou para ela, ele babava e dizia: - Criança como pode ser tão incompetente assim? me responda. Eu já disse que eu preciso dormir... Mas você sempre faz isso. Ok, vamos lá....
Ele deu uma porretada na cabeça dela fazendo a desmaiar e quando Ana acordou ouviu um estranho dizer: - Puxa! quando você vai aprender? resmungou ...agora não importa mais. Vamos tentar de novo.


Dedicado ao Bruno Amarred.
Autor da foto.

Um comentário:

Anônimo disse...

Miroca que foda!!!!!!!!!
Sua mente tá fervendo hein!!!!!!! Essa historinha ficou muito muito muito boa... bem bolada pra caramba!!!!!

Foda! Muito foda!!!!!!
Continue assim!!!

Pablo